Outro dado importante é o espaço da assembleia. A assembleia litúrgica não é uma simples congregação de pessoas, como qualquer outra, reunida para “assistir” a algo que acontece lá na frente. Uma vez constituída, mas que um mero ajuntamento de pessoas, ela é uma comunhão de cristãos e cristãs, dispostos a ouvir atentamente a palavra de Deus e celebrar dignamente a Eucaristia. Melhor ainda: é o próprio Corpo de Cristo, cujos membros somos cada um de nós. Somos um povo convocado pelo Senhor e congregados no seu amor. Formamos, em assembléia constituída, o Corpo Místico do Senhor. Cristo está presente na assembléia reunida para celebrar os seus sagrados mistérios.
A Constituição Litúrgica Sacrossanctum Concilium sobre a sagrada liturgia do Concílio Vaticano II assim se expressa: “Deseja ardentemente a Mãe Igreja que todos os fieis sejam levados àquela plena, cônscia e ativa participação das celebrações litúrgicas, que a própria natureza da Liturgia exige e à qual, por força do batismo, o povo cristão, ‘geração escolhida, sacerdócio régio, gente santa, povo de conquista’ (1Pd 2,9), tem direito e obrigação” (SC 14). Sem, no entanto, esquecer da seguinte orientação prática: “Ao se construírem igrejas, cuide-se, diligentemente, que sejam funcionais, tanto para a celebração das ações litúrgicas como para obter a participação ativa dos fieis” (SC 124). Por isso que já temos, hoje em dia, muitas igrejas construídas e dispostas internamente de tal maneira que, na celebração, a assembleia realmente vive a experiência de ser povo sacerdotal, Corpo Cristo, em torno do Altar e da Palavra. Altar e mesa da Palavra no centro, bancos na medida do possível ao redor do Mistério celebrado, pessoas sentadas lado a lado uma das outras como que abraçadas em torno do centro maior que é Cristo.
Dentro do conjunto arquitetônico da igreja, o espaço reservado para a assembléia chama-se Nave. A nave compreende o espaço maior do templo. Sua importância está garantida pela funcionalidade, o bom fluxo durante as celebrações, uma boa comodidade, lugar de respeito e silêncio, totalmente voltado para ou envolvendo o presbitério. Os bancos não devem ter genuflexórios. Bancos pequenos, para no máximo cinco pessoas, tornam mais cômodo e funcional o espaço. O uso de cadeiras vai depender do local. Elas, porém, tumultuam, são barulhentas. Enchem demais o espaço e saturam o espírito.
A nave é o lugar da atenção, do alerta, da vigilância. Não é o espaço onde se entende comodidade por relaxamento do corpo, desleixo, comodismo e bate-papo. É preciso ter cuidado com o tipo de móveis colocados nesse espaço.
A nave é o lugar dos assinalados que com suas vestes brancas e palmas estão diante do Trono e do Cordeiro. Diante de Cristo ou à sua espera não se fica de qualquer jeito. Não se pode nunca esquecer que neste lugar o Céu e a Terra trocam os seus dons e aí acontece a liturgia celeste e terrestre.
Nas igrejas orientais não há bancos. A liturgia dura em média três horas, e os presentes ajoelham-se para ouvir o Evangelho. Sem sentar.
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