Matéria publicada na edição de março/2011.
A Igreja em sua bimilenar história sempre primou por espaços de celebração do Mistério Pascal de Cristo. Inicialmente, os cristãos se reuniam nas casas para seguir o mandato do Mestre: “Fazei isto em memória de mim”. Com o passar do tempo e com o aumento do número dos seguidores do Caminho, houve a necessidade de espaços maiores. A Igreja vivia em tempos de perseguição. Quando o império romano reconhece e dá liberdade de culto à Igreja, em seguida esta, se tornando “religião oficial”, converte os templos pagãos em espaço para as celebrações cristãs. Novas construções são erigidas em nome do Deus dos cristãos. O cristianismo se expande, estabelecendo assim o tempo da cristandade. Nos tempos modernos, instala-se na Igreja o anseio de mudanças. Era a hora de abrir as portas para o novo; respirar novos ares. Com o movimento litúrgico e o advento do Concílio Vaticano II (1963-1965), mais precisamente com a Sacrosanctum Concilium, documento sobre a sagrada liturgia, o espaço celebrativo toma novos contornos. O espaço deve servir à execução do Mistério Pascal de Cristo e à ativa participação dos fieis; o espaço deve ser funcional; a assembleia deve ser orgânica e hierárquica e constituir uma unidade íntima e coerente.
A Constituição Conciliar nos diz que a liturgia é o método mais eficaz para ensinar o que é o cristianismo. O espaço, o lugar privilegiado para este ensinamento.
A Sacrosanctum Concilium é o marco e a referência fundamental para uma arquitetura que queira concretizar o caráter comunitário das celebrações e ser coerente com as novas orientações litúrgicas. O documento diz que a liturgia deve ser hierárquica e comunitária, didática e pastoral, em que cada um, ministros e fieis, desempenhe sua função própria e que a mesa da Palavra de Deus seja preparada com mais abundância para os fieis, sendo lida na língua própria dos que a escutam. Diz ainda que a liturgia edifica dia a dia os que estão dentro da igreja para ser templo santo do Senhor, apresentando-a como sinal em meio às nações.
A Instrução Geral do Missal Romano (IGMR) nos orienta para a dignidade do local da celebração: Para a eucaristia, o Povo de Deus se reúne na igreja ou, na falta desta, em outro lugar conveniente, digno de tão grande mistério. As igrejas e os demais lugares devem prestar-se à execução das ações sagradas e à ativa participação dos fieis. Além disso, os edifícios sagrados e os objetos destinados ao culto sejam realmente dignos e belos, sinais e símbolos das coisas divinas (IGMR 253).
Já se passaram quase cinquenta anos do Concílio Vaticano II e na prática ainda há muito que se fazer na melhoria e na devida adequação do espaço celebrativo. O sentido da mudança está na busca do essencial vivido e deixado pelas primeiras comunidades cristãs. Vemos este resgate litúrgico sendo feito nas reformas e novas construções de igrejas. Paulatinamente vamos, de modo breve, abordando essas adequações e mudanças conforme a orientação da nossa Igreja.
Colaboração do Pe. Geovane, scj
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