Finalizando este tema, mas não o esgotando, falaremos ainda sobre a decoração, cores e texturas e aviso e cartazes.
É comum vermos construções feitas de qualquer jeito, sem planejamento e por vezes sem conhecimento de espaço litúrgico. Sobe umas paredes e põe o teto; depois, para tornar o lugar bonito e aconchegante, recorre aos artifícios da decoração. Na maioria das vezes, como diz o ditado popular, a emenda fica pior que o soneto.
Qualquer decoração deve estar a serviço do projeto de arquitetura, deve fazer parte de uma unidade, não deve existir sozinha. A decoração não pode ser uma composição em si mesma, mas elemento de um todo. Por esta razão, tudo o que a comunidade pretende fazer, sejam vitrais, pinturas, quadros, painéis, deve ser pensado desde o início do projeto.
Se o local não é bonito nem agradável, pode ficar muito pior se começar a acrescentar coisas com o objetivo de embelezar. Aí corre-se o risco de o local ficar muito carregado e os fieis não conseguirem entrar em clima de oração, ficando dispersos com tanta coisa para ser vista ao mesmo tempo.
Costumamos pecar pelo excesso. Por isso, é melhor não correr riscos; é preferível ser mais discretos, simples e sóbrios. Menos é mais nesses casos. E facilmente podemos cair no ridículo, pois a distância entre ele e o sublime é muito pequena.
Isso ocorre também em relação à decoração com folhagens e flores: quanto menos, melhor. É comum as pessoas valorizarem demais os arranjos, mais do que as peças. O importante não é o vaso, mas a mesa da Eucaristia, a mesa da Palavra. O arranjo deve ser bem pequeno e discreto; o importante não é ele, mas a peça que ele quer valorizar.
Costuma-se pendurar nas paredes vasos com plantas, como as samambaias. Quando se entra na igreja, só se veem os vasos, o essencial desaparece.
Assim também o material deve ser considerado. Plantas e flores de plástico são inconcebíveis no local da celebração. Um local onde a verdade é anunciada e deve ser experimentada não pode ser decorado com coisas de mentira, e ainda o plástico – símbolo do descartável. A Verdade não é descartável, é para sempre.
Os vasos devem ser de material nobre, como o barro, ou cachepôs de madeira ou ferro. Gesso, plástico, vasos revestidos de espelho ou de papel laminado não são indicados para expressar o sagrado.
Tanto a cor quanto a textura dos materiais de acabamento que revestem o interior ou o exterior das igrejas podem ser aliadas na vontade de se ter um lugar aconchegante que nos leve à participação, ao silêncio e à oração. Cores frias nos afastam, nos esfriam mesmo. O próprio nome das cores já diz tudo: cinza, gelo, neve. São cores que não ajudam a criar um ambiente aconchegante. Cores como areia, palha, terra, pérola, camurça, são cores quentes, aproximam, são mais confortáveis e aconchegantes. As cores também servem para valorizar e destacar algum ambiente ou alguma parede.
A textura também é importante. Uma parede texturizada com chapisco, por exemplo, pode ser mais valorizada, pode ajudar na acústica e também fica mais aconchegante.
Os cartazes e avisos são muito importantes para a pastoral e a vida da comunidade, por isso mesmo deve ter um lugar determinado e privilegiado para sua exposição. Não devem nunca ficar espalhados pela igreja, não importando onde, encobrindo as peças do presbitério, desviando a atenção da liturgia e prejudicando seu desenvolvimento. Mesmo assim acabamos colocando cartazes pendurados no ambão e até no altar. As paredes laterais e mesmo a parede dos fundos do presbitério são lugares onde sempre encontramos cartazes, faixas, avisos. E nem sempre bem feitos e bem escritos. O melhor local para concentrar avisos e cartazes é a entrada da igreja. É aí que as pessoas podem parar para ler avisos quando entram ou quando saem, sem atrapalhar o andamento da celebração.
Os cartazes com frases retiradas do Evangelho do domingo colocados no fundo do presbitério ou com letras em isopor colorido pendurado sobre o altar desviam a atenção dos fieis. O Evangelho é muito rico para ser resumido numa única frase.
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